Na quarta-feira 21, o Grupo de Implantação do processo de Redistribuição e Digitalização de canais de TV (Gired) aprovou o desligamento total do sinal analógico de televisão em Goiânia e mais 28 municípios do entorno. E, diferentemente do que ocorreu em São Paulo, a representante dos interesses de SBT, Record e RedeTV!, Simba Content – joint-venture formada por essas empresas para negociar a venda dos sinais digitais das redes para os pacotes por assinatura – decidiu manter a distribuição dos canais para as empresas de TV por assinatura.
A disputa assimétrica (em capacidade financeira e influência política) que tem sido travada entre as operadoras de TV paga e a empresa Simba Content está longe de ser o único motivo para o verdadeiro “apagão” geral que ocorreu na região metropolitana de São Paulo no dia 29 de março (e que pode ocorrer em outras regiões do País), quando ao passar pelo chamado “switch off” analógico – quando os moradores passam a depender do decodificador digital para assistir à televisão aberta – mais de 1,5 milhão podem ter sofrido um abrupto corte do sinal analógico(1).
Para autorização do desligamento do sinal analógico de TV, o Gired estabeleceu como regra que 93% dos domicílios com TV devem estar prontos para receber o sinal digital. No entanto, pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, a pedido da Entidade Administrativa da Digitalização (EAD) – e obtida via Lei de Acesso à Informação pelo Intervozes – mostrou que, no mês de março (mês do desligamento do sinal analógico em São Paulo), das pessoas atendidas pelo Programa Bolsa Família ou por outros programas sociais e inscritas no CadÚnico, apenas 89% dos domicílios recebiam o sinal digital.