O governo paulista se comprometeu ontem a abrir para a população dados criminais até agora mantidos em sigilo. De acordo com reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", o plano da Secretaria da Segurança é divulgar informações mais detalhadas, o que incluiria dados por delegacias –atualmente eles são divididos por municípios. Também pretende atualizá-los mensalmente –hoje a atualização é trimestral.
É a primeira vez que o governo se compromete a ampliar a divulgação de dados da violência, disciplinada em 1995 por uma lei estadual. Não está descartada, segundo a pasta, a divulgação por endereços dos crimes, como ocorre em países como Inglaterra e Estados Unidos. A medida deve começar a valer ainda neste semestre.
Leia abaixo a íntegra da reportagem ou acesse o site (para assinantes).
O governo paulista se comprometeu ontem a abrir para a população dados criminais até agora mantidos em sigilo.
O plano da Secretaria da Segurança é divulgar informações mais detalhadas, o que incluiria dados por delegacias -atualmente eles são divididos por municípios.
Também pretende atualizá-los mensalmente -hoje a atualização é trimestral.
Não está descartada, segundo a pasta, a divulgação por endereços dos crimes, como ocorre em países como Inglaterra e Estados Unidos.
A medida deve começar a valer ainda neste semestre.
É a primeira vez que o governo se compromete a ampliar a divulgação de dados da violência, disciplinada em 1995 por uma lei estadual.
A mudança é anunciada dias depois de o governo Geraldo Alckmin (PSDB) demitir o sociólogo Túlio Kahn, que foi por muitos anos o responsável pela coordenação e divulgação desses dados.
Publicamente, Kahn defendia o sigilo do mapa da violência por áreas da cidade. Um dos argumentos usados era o de que esses detalhes, se tornados públicos, poderiam desvalorizar imóveis em regiões específicas.
Mas o sociólogo mantinha uma empresa que comercializava estudos com base justamente nos dados sigilosos.
Ele cobrava até R$ 250 mil pelos estudos, conforme revelado pela Folha neste ano.
Kahn afirma que jamais violou o sigilo de dados criminais. Segundo ele, as empresas não eram seus "clientes", mas "patrocinadores" de pesquisas sobre violência.
A pasta da Segurança nega relação entre a ampliação da divulgação e o caso. Diz, porém, que a meta, agora, é tornar as decisões da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), onde Kahn trabalhava, "mais compartilhadas e menos personalistas".
O formato do novo pacote estatístico ainda não está definido por questões técnicas, de acordo com a secretaria.
O Infrocrim -sistema de inteligência da polícia- também será modernizado. O governo diz que os dados serão apresentados com "uma margem de segurança", a fim de evitar reproduções incorretas.
A Secretaria da Segurança também fala em ampliar a lista de delitos computados. Especialistas em Segurança Pública afirmam que a ampliação da divulgação pode ajudar a prevenir violência. Cláudio Beato diz que o ideal é mostrar o endereço dos crimes. Luis Flávio Sapori diz que, concretizado o plano, o Estado será "exemplo". Para o criminalista Roberto Soares Garcia, a população ganha meios para cobrar o Estado. "É direito do cidadão ter acesso aos dados."