Fonte: Comunique-se (4.set.2012) | Autora: Nathália Costa
Investir ou não no cruzamento de dados para trabalhar pautas foi uma das questões discutidas durante o Seminário Controle da Corrupção, realizado nesta terça-feira, 4, em São Paulo. Certo de que é preciso divulgar essas informações, o jornalista da Folha de S. Paulo, Marcelo Soares, afirmou que quem quer investir nesta área precisa perder o medo de números. Durante o evento, ele falou sobre as dificuldades de lidar com os documentos que o projeto de transparência disponibiliza para o público.
Conhecido como PDF, o formato em que as informações chegam ao jornalista não é bom, segundo Soares. Ele explica que é impossível trabalhar os números e cruzar os dados desta maneira e que em uma das reportagens que escreveu precisou comprar um programa no exterior que converteu os arquivos em planilhas do Excel.
“Eu tinha um arquivo com mais de duas mil páginas e era impossível analisar o documento e comparar os números. Disponibilizar tudo em PDF é má transparência”.
Questionado quanto à opinião e lembrado de que o formato é utilizado com a intenção de manter a segurança do arquivo (para que ele não seja alterado), Soares disse que isso não é necessário. “O governo pode ter um banco de dados no portal para consulta e o link para baixar a planilha. Se houver dúvidas de que a informação é verdadeira, basta acessar e comparar”, sugeriu.
Durante o painel, ele ressaltou que na Suécia a lei da informação como sistema de controle da corrupção existe desde 1766 e que, desde a década de 1970, todos os documentos são disponibilizados no digital. Ressaltou o atraso do Brasil e reforçou que não é fácil para conseguir informações de interesse público. Na Folha, Soares assina o blog ‘Afinal de Contas’ e, neste espaço, conta os bastidores de algumas apurações.